Considerado o 4º clube em Espanha, o Valência esteve arredado dos grandes títulos durante várias décadas. Porém tudo iria mudar no início do século, quando equipa do Morcego começou a caminhar para uma nova era no futebol Espanhol. No espaço de cinco anos venceram por duas vezes o principal campeonato de Espanha, mas também uma Taça UEFA e uma Supertaça Europeia. A juntar a isso, bons jogadores, fervorosos adeptos e presenças sucessivas nas fazes mais adiantadas da Liga dos Campeões.
Texto por José Silva
Outros tempos
Em meados dos anos de (19)90 o futebol Espanhol teve vitórias para todos os gostos. Entre 1994 e 2004 foram cinco os vencedores de La Liga: o Valência, o Barça (da 'Dream Team'), o Atlético de Madrid, o Depor (da era Lendoiro) e o Real Madrid (dos 'Galáticos). Foram títulos conseguidos a poucas jornadas do fim e sem grande distância para os outros rivais. Aproveitando esta era de menos fulgor e hegemonia dos principais concorrentes ao título, o Valência aproveitou para rubricar temporadas para recordar.
Durante este período passaram pelo clube grandes estrelas, como:
Santiago Cañizares (GR); Andrés Palop (GR);
Mauricio Pellegrino (D); Miroslav Đukić (D); Amedeo Carboni (D); Fábio Aurélio (D); Carlos Marchena (D);
David Albelda (M); Luis Milla (M); Kily González (M); Pablo Aimar (M); Didier Deschamps (M); Ángel Angulo (M); Rubén Baraja (M); Rufete;
Claudio López (A); Juan Sánchez (A); John Carew (A); Ricardo Oliveira (A).
Como jogavam
Onze inicial – final da UCL 2000/01

-Com Héctor Cúper
A linha da defesa encontrava-se subida. Pressionavam as saídas de bola do adversário com três homens (normalmente os dois avançados mais o médio ofensivo). O meio campo encontrava-se muito povoado, com os interiores a juntarem-se todos perto da defesa. A equipa era intensa a pressionar o portador da bola, o que permitia ganhar os duelos defensivos com alguma facilidade. A atacar os laterais eram muito ofensivos e procuravam combinações com os médios interiores, para depois lançarem os avançados na frente. A bola era muitas vezes colocada na frente, onde os avançados em conjunto com o médio mais ofensivo, procuravam “esticar” o jogo.
Onze inicial – Final Taça UEFA 2003/04

- Com Rafael Benítez
Criticado quando chegou ao clube – por ter vindo do modesto Tenerife, da 2ª divisão – o técnico Espanhol rapidamente fez com que os adeptos mudassem essa opinião. A equipa foi construída a partir de trás. Na baliza o experiente Cañizares já dava a segurança necessária. O Espanhol Carlos Marchena foi reforço (vindo do Benfica) e veio acrescentar qualidade a uma defesa que provou ser uma das melhores da Europa – sofreu apenas 27 golos na primeira época. No meio campo Benítez trocou o losango por um 4-2-3-1 com extremos, o que lhes conferia vantagem numérica em relação ao adversário. Como já se percebeu, a equipa era muito segura defensivamente e não arriscava ir para o ataque de “qualquer maneira”. Mas quando atacava contava com a irreverência de Pablo “El Mago” Aimar para furar o meio campo do oponente e espalhar magia.
Nota ainda para Claudio Ranieri (passou pelo clube de 1997 a 1999 e mais tarde em 2004). Quando o técnico Italiano chegou ao clube Che, na década de 90, já tinham passado pelo clube 11 treinadores em sete anos – entre eles Guus Hiddink, Luis Aragonés ou Jorge Valdano. Mas Ranieri aceitou o desafio e com grande classe organizou o clube. Passou a apostar mais na formação, mas também em jogadores que não jogavam em grandes clubes – caso de Santiago Cañizares (Real Madrid) por exemplo. A marcar a história da primeira passagem de Ranieri pelo clube, fica ainda a vitória na Taça do Rei.
As seis épocas gloriosas:

A concorrência:
- Real Madrid
A equipa dos merengues, como já vem sendo hábito, tinha uma equipa de estrelas. Durante este período tiveram a era dos “Galáticos”, onde conseguiram vencer duas Ligas dos Campeões e duas Ligas Espanholas, entre outras conquistas. Pelo plantel de Los Blancos passaram Roberto Carlos (D), Míchel Salgado (D), Clarence Seedorf (M), Claude Makélélé (M), Zinedine Zidane (M), Raúl González (A), Samuel Eto´o (A), Luís Figo (A), Ronaldo Nazário (A) entre outras estrelas. Os treinadores foram Vicente del Bosque, Carlos Queiroz e Camacho
- Deportivo Coruña
O clube da Galiza conseguiu intrometer-se na luta pelo título Espanhol por diversas ocasiões, durante este período, tendo conseguido vencer La Liga por uma vez, ao que juntou presenças constantes no pódio. Na Europa também conseguiam brilhar. Chegaram por uma vez às semifinais da Champions League com o técnico Javier Irureta. Pelo clube passaram, por exemplo Jorge Andrade (D), Hélder Cristóvão (D), Joan Capdevila (D), Duscher (M), Djalminha (M), Víctor Sánchez (M), Lionel Scaloni (M), Jokanović (M), Pedro Pauleta (A), Roy Makaay (A), entre outros.
- Barcelona
O emblema da Catalunha, ainda com algumas marcas da passagem de Johan Cruyff pelo clube, tardava em regressar aos títulos. Durante estes 5 anos venceu apenas por uma vez La Liga. Mas não foi seguramente pelo plantel que tinham. Nos Blaugrana alinharam Frank de Boer (D), Pep Guardiola (M), Phillip Cocu (M), Rivaldo (M), Juan Román Riquelme (M), Luis Enrique (M), Simão Sabrosa (A), Patrick Kluivert (A), Marc Overmars (A), Ronaldinho Gaúcho (A) ou Lionel Messi (A). Apesar do insucesso que se viveu nestes anos, estava-se a preparar uma hegemonia através de dois “discípulos” de Cruyff – Frank Rijkaard e Pep Guardiola – que elevaram o Tiki Taka a outro nível.
Os adeptos do Valência viveram anos para mais tarde recordar. Infelizmente, desde a conquista da supertaça Europeia o clube só voltaria a vencer duas Taças do Rei nos 15 anos seguintes. No mesmo período o “fosso” para os grandes de Espanha raramente foi encurtado…
Espero que tenham gostado. Se assim foi, partilhem.
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