Golos, emoção e bom futebol. Foi um jogo espetacular aquele que se jogou no estádio da Choupana, onde se defrontaram Nacional e Boavista para a jornada inaugural da Liga Nos. Os Madeirenses provaram que pode ser pouco ambicioso lutar pela manutenção. Quanto ao Boavista, deixou a ideia de que é preciso melhorar os índices físicos e o entrosamento coletivo se quiserem chegar à Europa. Resultado justo.
Texto por José Silva
Análise ao encontro
O estádio da Choupana foi palco de um jogo verdadeiramente emocionante. Os axadrezados partiam como favoritos para a vitória no encontro, ainda assim foram surpreendidos por um Nacional mais enérgico, objetivo e concentrado.
O Nacional foi fiel aos seus princípios e saiu a jogar com uma linha de três, já que Nuno Borges baixava entre os centrais, os laterais estavam projetados (ou não tivessem sido extremos no passado) e os médios não tiveram medo de pegar no jogo (mesmo que isso lhes tenha custado perdas de bola). Koziello mostrou ter bom toque de bola e Rúben Micael foi o 'Patrão' do meio campo. A equipa Madeirense atacou quase sempre pelos flancos, com as combinações entre os laterais, médios e os rápidos extremos a funcionarem muito bem. Neste particular Riascos esteve irrepreensível, explorando muito bem a profundidade e a largura. O bloco subido e os quatro ou cinco homens que punham na pressão, foram importantes para estorvar a construção do Boavista. Pedrão e Kal, uma dupla de centrais para ter em conta esta temporada.
No lado Boavisteiro a época parece, a julgar pelos reforços, ser encarada com grande ambição. Por essa mesma razão as Panteras operaram uma revolução e apostaram num onze inicial com oito caras novas.
O Boavista demonstra ainda alguma falta de capacidade física e de entrosamento entre os jogadores. O meio campo pareceu algo desguarnecido e isso significou que a equipa não conseguisse anular as saídas a jogar do Nacional. A recuperação de bola nem sempre se fez com a celeridade necessária e os jogadores mais novos ainda acusam alguma inexperiência. Após alguns fogachos de qualidade na primeira parte, no segundo tempo Angel Gomes afirmou-se no meio campo e confirmou o talento que muitos lhe reconhecem: intenso, inteligente e diferenciado. Quando o Boavista conseguiu levar o seu jogo para o meio campo adversário teve capacidade para criar perigo com a sua circulação de bola e combinações entre o espaço interior e exterior. A defesa axadrezada parece não estar ainda bem oleada e por isso revelou alguns problemas em controlar a profundidade e as marcações. Ainda assim deixaram boas perspetivas para o futuro.
Estatísticas
Os golos
0-1 Gustavo Sauer (19 Minutos)
Recuperação de bola de Paulinho, passe para Angel Gomes e assistência para Sauer, que de primeira inaugura o marcador com um remate portentoso.
1-1 Brayan Riascos (29 Minutos)
Mais uma perda de bola e... mais um golo. Desta feita foi Riascos a recuperar o esférico a Jesús Gómez e a percorrer metros em direção à baliza. Perante Léo Jardim não vacilou e restabeleceu o empate.
2-1 João Victor (36 Minutos)
Uma vez mais o entrosamento dos jogadores do Nacional a fazer-se notar. Riascos desmarca-se bem na ala e após passar por Gómez faz um passe para a entrada da pequena área, onde aparece João Victor a finalizar de primeira.
2-2 Ricardo Mangas (45+2 Minutos)
Com o defesa direito do nacional (Kalindi) a ser assistido fora de campo, o Boavista carregou sobre o lado direito dos madeirenses e numa boa jogada entre Angel Gomes e Mangas, o lateral esquerdo remata forte para o segundo golo dos axadrezados.
2-3 Gustavo Sauer (61 Minutos)
E vão três assistências para Angel Gomes. Recuperação de bola no lado esquerdo do ataque e, sem grande oposição, faz um compasso de espera e o passe para a entrada da área, onde estava Sauer que rematou forte para o 3º.
3-3 João Camacho (90+1 Minutos)
Bom cruzamento de Rúben Freitas e Camacho, quase esquecido na área, cabeceia de forma certeira para o golo. Estava feito o golo que de alguma forma veio recompensar a boa réplica deixada pelos madeirenses no jogo.
A figura
Angel Gomes - Melhor estreia era difícil. Três assistências e uma grande influência no processo ofensivo dos axadrezados, foi assim o primeiro jogo de Angel Gomes no futebol Português. Promete ser uma das boas surpresas da Liga Nos.
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