Existem poucos treinadores no mundo que se podem orgulhar de terem mudado a história de um clube. Jürgen Klopp é claramente um desses casos. Tirou o Borussia Dortmund da crise (económica e desportiva) em que se ecncontravam, e pô-lo a lutar pelos grandes títulos. O seu excentricíssimo aliado à, fora do vulgar, capacidade de transformar uma equipa de futebol num grupo de guerreiros, levou o clube a assumir-se como um dos melhores da Europa.
Texto por José Silva
A crise
Após a conquista da Liga dos campeões, em 1997, o Dortmund atravessou um período periclitante. Isto porque se tornou o primeiro emblema Germânico a ter ações na bolsa, e não soube fazer uma boa gestão do dinheiro. Como resultado dessa má gestão, o clube contraiu várias dívidas e foi mesmo obrigado a vender algumas das suas propriedades. De forma inesperada, o grande rival Bayern, emprestou 2 Milhões de euros para salvar o BVB. Quando a situação estava a melhorar ligeiramente, uma empresa de seguros, das redondezas, comprou os direitos do Estádio Westfalenstadion, mudando o seu nome para “Signal Iduna Park”. Ainda com o intuito de estabilizar financeiramente o clube, venderam-se alguns dos jogadores importantes (caso de Tomáš Rosický que rumou ao Arsenal). Mas a equipa ressentiu-se e em 2006/07 viu de perto o cenário de descida de divisão.
O renascimento
Em 2008, qual salvador, chega ao clube o grande obreiro da ressurreição do Borussia. Refiro-me a Jürgen Klopp. Técnico Alemão que chegou a Dortmund, após um bom trabalho no Mainz – onde conseguiu levar o clube do “carnaval” às competições europeias. O Borussia estava mergulhado em dívidas e longe do topo da tabela. Mas Klopp, rapidamente procurou inverter a situação. Começou por apostar em jovens jogadores e substituiu a qualidade técnica por intensidade. Compôs uma boa organização coletiva e implementou o Gegenpress - quando perdiam a bola tinham de pressionar intensamente o adversário para recuperá-la e partir para o contra-ataque.
Onze base:

Outros jogadores:
· Mitchell Langerak (GR);
· Felipe Santana (D); Dedê (D); Patrick Owomoyela (D); Marcel Halstenberg (D);
· Sebastian Kehl (M); Nuri Sahin (M); Moritz Leitner (M); Kevin Großkreutz (M); Antônio da Silva (M);
· Shinji Kagawa (A); Ivan Perisic (M); Lucas Barrios (A);
· (Mais tarde) Henrikh Mkhitaryan (A); Pierre Aubameyang (A); Milos Jojic (M); Erik Durm (D); Sokratis (D).
Como jogavam:
-A atacar
Era habitual saírem a jogar a partir de trás, com os dois centrais, ou a três, com o médio defensivo. Nesse caso, os laterais subiam pelas alas. Os extremos apoiavam-nos na largura, ou pelo meio. O médio mais recuado era Bender, que era um grande auxílio nas saídas a jogar a partir da defesa. O seu companheiro no meio campo (Gundogan/ Sahin) ficava responsável pelas transições para o ataque, sempre com o apoio do médio mais ofensivo. As movimentações dos homens do meio campo permitiam também que houvesse espaço para Hummels subir no terreno com bola. O homem mais avançado no terreno – Lewandowski – tinha grande mobilidade, mas sabia, também, posicionar-se para finalizar dentro de área. De resto, os três jogadores com mais qualidade técnica – Lewandowski, Reus e Gotze – estavam em constantes trocas posicionais, na busca pela bola. Os contra-ataques eram letais, porém, também sabiam jogar com a bola "no pé".
-A defender
Klopp levou o conceito de "contra ataque" para outro nível. Para tal, contou com uma 'teia' que secava qualquer jogador no meio campo adversário. Quando perdiam a bola apostavam numa pressão intensa, com os jogadores muito juntos e pouco espaço entre linhas. À medida que pressionavam iam subindo a linha da defesa. O objetivo era “sufocar” o adversário, obrigando-o a chutar para a frente, sem nexo. O seu posicionamento permitia, à partida, estar pronto para o contra golpe.

Outros factos:
Venceram em casa do Bayern Munique pela primeira vez em 20 anos (com uma média de idades de apenas 23 anos!);
Primeira dobradinha (vencer o campeonato e a taça) na história do clube;
Para o jogo do título, mais de 361 mil pessoas procuravam lugar no estádio (o que demonstra a forma como o futebol dos amarelos e pretos apaixonou os adeptos);
E foi desta forma que Klopp pegou num gigante adormecido na metade inferior da tabela e levou-o até ao topo do futebol Alemão. Pelo meio, bateu o pé às grandes formações da Europa. Jogou a final da Champions League e conseguiu ainda manter-se na luta pelo título de campeão Alemão frente a Pep Guardiola, mesmo sabendo que o Catalão lhe havia “roubado” as maiores estrelas – Gotze e Lewandowski. Desde então, mais ninguém conseguiu levantar o troféu da Bundesliga, sem ser o colosso de Munique.
Espero que tenham gostado. Se assim foi, partilhem.
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